domingo, 22 de julho de 2007

Trabalho: FRATERNIDADE

R:.E:.A:.A:.
À Glória do Grande Arquiteto do Universo


FRATERNIDADE


Encontramo-nos unidos na perseguição do sonho da fraternidade entre os homens. Frente aos embates entre pessoas e nações, temos absoluta necessidade de difundir e até encarnar o conceito da fraternidade como um valor superior da humanidade e da instituição maçônica. Mas, estranhamente, não nos tem sido fácil encarná-lo e difundi-lo ao longo da história.

A aspiração da fraternidade tem sido ponto essencial de todas as escolas filosóficas religiosas e o conselho constante de homens santos e sábios. Vamos relembrá-los, transcrevendo-os aleatoriamente, sem ordem cronológica.

No BRAMANISMO, no livro Mahabharata, 5,1517, encontramos a máxima: “Esta é a súmula do dever: Não faças nada a outrem que te causaria dor se fosse feito a ti.”

Também no BUDISMO, em Udanavarga 5,18, encontraremos a busca da fraternidade nas palavras: “Não ofendas os outros por formas que julgarias ofensivas a ti mesmo.”

Voltaremos a encontrar semelhante conselho no livro Analecto, 15,23, do CONFUCIONISMO: “Existe máxima pela qual devemos reger-nos durante toda nossa vida? Sem dúvida, é a máxima da bondade e do amor: Não faças aos outros o que não quererias que eles fizessem a ti.

Encontraremos no TAOÍSMO outra sentença com força de lei moral: “considera o ganho do próximo como teu próprio ganho e a perda do próximo como tua própria perda.”

No livro Sunan, do ISLAMISMO, encontraremos o ensinamento da Fraternidade: “Nenhum de vós será crente, enquanto não desejar para seu irmão o que deseja para si mesmo.”

No Talmude, Sabbat 31ª, o JUDAÍSMO nos ensina: “O que é odioso para ti não o faças ao teu próximo. Essa é toda a Lei; todo o resto é comentário.”

O Cristianismo, pensamento filosófico mais próximo de nós, é pródigo em ensinamentos para a fraternidade. Em Matheus 7,12, encontramos: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também vós, porque esta é a Lei e os Profetas.” Lucas, na parábola do Amor ao Próximo, capítulo III, 6, reproduz as palavras do próprio Cristo: “Mas eu vos digo, a vós que me escutais: amai os inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, falai bem dos que vos maldizem e orai por quem vos calunia. A quem te ferir numa face, oferece-lhe a outra; e a quem te tomar o manto, não impeças de levar também a túnica.”

Também na Maçonaria, que não é uma corrente filosófica, mas a escola do filosofar, em cada sessão do grau de aprendiz, o Irmão Orador é conduzido ao Altar dos Juramentos e, diante do Livro da Lei, solenemente nos lê o Salmo 133, do Velho Testamento, e nos lembra o conceito de valor superior: “Oh! Quão bom e quão suave é que os Irmãos vivam em união.”

Tantas palavras sábias, de tão confiáveis fontes, não têm produzido o resultado que aspiramos. Não, o mundo ainda não conhece em sua plenitude a fraternidade como nos aconselham homens santos e sábios.

Em Lucas, IV, 10, na parábola do Mandamento Principal, encontramos o contraste entre o conselho de Cristo e a incredulidade do doutor da Lei:
“Levantou-se um doutor da lei e para o tentar perguntou: Mestre, o que farei para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: O que está escrito na lei? Como é que tu lês? Ele respondeu dizendo: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, com toda a alma, com todas as forças, e com toda a mente, e o próximo como a ti mesmo”. Falou-lhe então Jesus: “Respondeste bem. Fazei isto e viverás. ”Mas querendo justificar-se, perguntou a Jesus: “E quem é meu próximo?”

Voltemos ao conceito de valores.
Os valores são sempre metas em nossa vida, sinalizando nosso caminho, mas a palavra valor designa realidades múltiplas, como nos ensina o Professor Moisés Mussa Battal. “Temos que uma estátua, uma sinfonia, que um quadro se diz que é belo, dando-lhe um valor. Uma propriedade tem um valor nominal ou um valor comercial. As obras literárias ou as filosóficas têm um inegável valor cultural. A planta valoriza a água ou os sais minerais ou o calor. O Homem tem uma noção muito complexa das necessidades, desde as mais baixas até as supremas”. Dessas necessidades surgem os valores.

Na elaboração deste trabalho, nós, os aprendizes, descobrimos que damos valor inestimável às demonstrações de fraternidade que recebemos dos Queridos Irmãos Mestres, à genuína alegria que percebemos neles quando nos recebem para as sessões rotineiras ou atividades festivas da Respeitável e Augusta Loja Aurora Lemense.

Sentimos imperiosa necessidade de retribuição e esta é, dentro do objetivismo, a mecânica do estabelecimento de valores. “Se a água está fresca e eu estou sedento, então o valor da coisa está em ser água e fresca e a conseqüência desta, que eu aprecio, é que necessito satisfazer minha sede”, exemplifica o professor Mussa Battal.

Estamos sedentos de fraternidade e não nos cabe perguntar, como o doutor da lei na parábola do Evangelista Lucas, “quem é meu próximo?” Porque há aqueles que pregam a fraternidade, a moral, a justiça, mas não são fraternos, nem moralistas, nem justos. São como os postes que indicam o caminho, mas não o percorrem.

Sejamos peregrinos, percorramos o caminho.

Para tanto, é preciso desfazer-se do peso dos preconceitos, reviver e incorporar ao comportamento o simbolismo da cerimônia de iniciação, tornar-nos leves para que possamos elevar a fraternidade como valor superior. Somente então poderemos reconhecer nossos queridos Irmãos como nosso próximo e expandir o sentimento e as ações de fraternidade para fora dos templos e vê-la, finalmente, triunfando como principio recomendado por tantos homens sábios e santos.

Então, quando o Irmão Orador proferir as palavras do Salmo 133, possamos ouvi-las ecoando no Templo e nos corações, vibrando como notas de violinos sobre a comunidade, a Nação e o Universo.

“Oh! Quão bom e quão suave é que os Irmãos vivam em união.”





BIBLIOGRAFIA


BATTAL, Moisés Mussa, “Lições de Filosofia Geral e Maçônica”, Editora A Gazeta Maçônica.

OLIVEIRA, Roberto Louzã, “Pequena História do Pensamento Religioso”, Ensaio inédito.

ASLAN, Nicola, “Estudos Maçônicos sobre Simbolismo”, Edições GOB.

BÍBLIA SAGRADA, Editora Vozes e Editora Santuário, 40ª ed.

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