domingo, 22 de julho de 2007

Poema do Telhamento


(Ir\ Saly Mamede)

Sois membro de uma Irmandade?
Como tal, eu tenho sido.
Com toda sinceridade,
Amado e reconhecido.

Dondes vindes afinal?
Meu lar tem nome de um Santo,
Do justo é casa ideal
E perfeito o meu recanto.

Que trazeis meu caro amigo?
A mais perfeita amizade,
Aos que se encontram comigo,
Trago paz, prosperidade.

Trazeis, também, algo mais?
Do dono da minha casa,
Três abraços fraternais
Calorosos como brasa.

Que se faz em vossa terra?
Para o bem, templo colosso;
Para o mal, nós temos guerra;
Para o vício, calabouço.

Que vindes então fazer?
Sendo pedra embrutecida,
Venho estudar, aprender,
Progredir, mudar de vida.

Que quereis de nós, varão?
Um lugar neste recinto,
Pois trago no coração
O amor que por vós sinto.

Sentai-vos querido Irmão,
Nesta augusta casa nossa
E sabeis que esta mansão
Também é morada vossa.

TOLERÂNCIA

A tolerância sendo uma virtude é, portanto, um valor. Valores, como é sabido, não podem ser definidos, entretanto, podem ser descritos e analisados de acordo com comportamento dos integrantes de uma sociedade.

A idéia de tolerância somente pode ser analisada, com certa precisão, se estiver interada socialmente, pois está indissoluvelmente atrelada ao agir das pessoas nesta mesma sociedade.

Para abordar esse tema tão subjetivo por se tratar de uma virtude e também, sendo um dos valores da nossa Ordem, deixo duas perguntas para a nossa reflexão: "Julgar que há coisas intoleráveis é dar provas de intolerância?" Ou, de outra forma: "Ser tolerante é tolerar tudo?" Em ambos os casos a resposta, evidentemente é não, pelo menos se queremos que a tolerância seja uma virtude.

Partindo da afirmação que Filosofar é pensar sem provas, somente espero não ter indo longe demais nas minhas divagações filosóficas.

No opúsculo O que é Maçonaria, temos a seguinte frase: “A Maçonaria é eminentemente tolerante e exige dos seus membros a mais ampla tolerância. Respeita as opiniões políticas e crenças religiosas de todos os homens, reconhecendo que todas as religiões e ideais políticos são igualmente respeitáveis e rechaça toda pretensão de outorgar situações de privilégio a qualquer uma delas em particular”.

A definição acima aborda a tolerância maçônica no seu aspecto religioso e político que, sendo um valor é muito mais abrangente, discutível e contestável do que os apresentados.

Quem tolera a violação, a tortura, o assassinato deveria ser considerado virtuoso? Quem admite o ilícito com tolerância tem um comportamento louvável? Mas se a resposta não pode ser negativa, a argumentação não deixa de levantar um certo número de problemas, que são definições e limitações. Nem tão pouco podemos deixar de considerar às questões sobre o sentido da vida, a existência do G\A\D\U\e o valor dos nossos valores.

Tolerar é aceitar aquilo que se poderia condenar, é deixar fazer o que se poderia impedir ou combater? É, portanto, renunciar a uma parte do nosso poder, desejo e força! Mas só há virtude na medida em que a chamamos para nós e que ultrapassamos os nossos interesses e a nossa impaciência. A tolerância vale apenas contra si e a favor de outrem. Não existe tolerância quando nada temos a perder e menos ainda quando temos tudo a ganhar, suportando e nada fazendo. Tolerar o sofrimento dos outros, a injustiça de que não somos vítimas, o horror que nos poupa não é tolerância, mas sim egoísmo e indiferença. Tolerar Hitler é tornar-se cúmplice dele, pelo menos por omissão, por abandono e esta tolerância já é colaboração. Antes o ódio, a fúria, a violência, do que esta passividade diante do horror e a aceitação vergonhosa do pior.

É o que Karl Popper denomina como "o paradoxo da tolerância": “Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo com os intolerantes e não defendermos a sociedade tolerante contra os seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados e com eles a tolerância”.

Uma virtude não pode ocultar-se atrás de posturas condenáveis e contestáveis: aquele que só com os justos é justo, só com os generosos é generoso, só com os misericordiosos é misericordioso, não é nem justo, nem generoso e nem misericordioso. Tão pouco é tolerante aquele que o é apenas com os tolerantes. Se a tolerância é uma virtude, como creio e de um modo geral, ela vale, portanto por si mesma, inclusive para os que não a praticam. É verdade que os intolerantes não poderiam queixar-se, se fôssemos intolerantes com eles. O justo deve ser guiado "pelos princípios da justiça e não pelo fato de o injusto poder queixar-se". Assim como o tolerante, pelos princípios da tolerância.

O que deve determinar a tolerabilidade deste ou daquele indivíduo, grupo ou comportamento, não é a tolerância de que dão provas, mas o perigo efetivo que implicam: uma ação intolerante, um grupo intolerante, etc., devem ser interditos se, e só se, ameaçam efetivamente a liberdade ou, em geral, as condições de possibilidade da tolerância.

Numa República forte e estável, uma manifestação contra a democracia, contra a tolerância ou contra a liberdade não basta para a pôr em perigo: não há, portanto, motivos para a proibir e faltar com tolerância. Mas se as instituições se encontram fragilizadas, se uma guerra civil ameaça, se grupos pretendem tomar o poder, a mesma manifestação pode tornar-se um perigo: pode então vir a ser necessário proibi-la ou impedi-la, mesmo à força e seria uma falta de prudência recusar-se a considerar esta possibilidade.

Estando diante de mais um paradoxo sobre a tolerância, para entende-la entramos por um caminho não muito claro e como não poderia deixar de ser exato, Karl Popper acrescenta: “Não quero com isto dizer que seja sempre necessário impedir a expressão de teorias intolerantes. Enquanto for possível contrariá-las à força de argumentos lógicos e contê-las com a ajuda da opinião pública, seria um erro proibi-las. Mas é necessário reivindicar o direito de fazê-lo, mesmo à força, caso se torne necessário, porque pode muito bem acontecer que os defensores destas teorias se recusem a qualquer discussão lógica e respondam aos argumentos pela violência. Haveria então de considerar que, ao fazê-lo, eles se colocam fora da lei e que a incitação à intolerância é tão criminosa como, por exemplo, a incitação ao assassínio. Democracia não é fraqueza. Tolerância não é passividade”.

Moral e politicamente condenáveis, a tolerância universal não seria, nem virtuosa e nem viável. Ou por outras palavras: existe, de fato, coisas intoleráveis, mesmo para o tolerante! Moralmente condenado é o sofrimento de outrem, a injustiça, a opressão, quando poderiam ser impedidos ou combatidos por um mal menor. Politicamente é tudo o que ameaça efetivamente a liberdade, a paz ou a sobrevivência de uma sociedade.

Como vimos, o problema da tolerância só se põe em questões de opinião. Ora, o que vem a ser uma opinião senão uma crença incerta. O católico bem pode estar subjetivamente certo da verdade do catolicismo. Mas, se for intelectualmente honesto (se amar mais a verdade do que a certeza), deverá reconhecer que é incapaz de convencer um protestante, ateu ou muçulmano, mesmo cultos, inteligentes e de boa-fé. Por mais convencido que possa estar de ter razão, cada qual deve, pois, admitir que não pode prová-lo, permanecendo assim no mesmo plano que os seus adversários, tão convencidos como ele e igualmente incapazes de convencê-lo. A tolerância, como virtude, fundamenta-se na nossa fraqueza teórica, ou seja, na incapacidade de atingir o absoluto. “Devemos tolerar-nos mutuamente, porque somos todos fracos, inconseqüentes, sujeitos à variação e ao erro. Humildade e misericórdia andam juntas e levam à tolerância”.

Um outro ponto a ser considerado prende-se mais com a conduta política do que com a moral, mais com os limites do Estado do que com os do conhecimento. Ainda que tivesse acesso ao absoluto, o soberano seria incapaz de impô-lo a quem quer que fosse, porque não se pode forçar um indivíduo a pensar de maneira diferente daquela como pensa, nem a acreditar que é verdadeiro o que lhe parece falso. Pode impedir-se um indivíduo de exprimir aquilo em que acredita, mas não de pensar.

Para quem reconhece que valor e verdade constituem duas ordens diferentes, existe, pelo contrário, nesta disjunção uma razão suplementar para ser tolerante: ainda que tivéssemos acesso a uma verdade absoluta, isso não obrigaria a todos a respeitar os mesmos valores, ou a viverem da mesma maneira. A verdade impõe-se a todos, mas não impõe coisa alguma. A verdade é a mesma para todos, mas não o desejo e a vontade. Esta convergência dos desejos, das vontades e da aproximação das civilizações, não resulta de um conhecimento: é um fato da história e do desejo dessas civilizações.

Podemos perguntar, finalmente, se a palavra tolerância é, de fato, a que convém. Tolerar as opiniões dos outros não é considerá-las como inferiores ou faltosas? Temos então um outro paradoxo da tolerância, que parece invalidar tudo que vimos anteriormente. Se as liberdades de crença, de opinião, de expressão e de culto são liberdades de direito, então não precisam ser toleradas, mas simplesmente respeitadas, protegidas e celebradas.

A palavra tolerância implica muitas vezes, na nossa língua, na idéia de polidez, de piedade ou ainda de indiferença. Em rigor, não se pode tolerar senão o que se tem o direito de impedir, de condenar e de proibir. Mas acontece que este direito que não possuímos nos inspira no sentimento de possuí-lo.

Não temos razão de pensar o que pensamos? E, se temos razão, os outros não estariam errados? E como poderia a verdade aceitar - senão, de fato, por tolerância - a existência ou a continuação do erro? Por isso damos o nome de tolerância àquilo que, se fôssemos mais lúcidos, mais generosos, mais justos, deveria chamar-se de respeito, simpatia ou de amor. Se, contudo, a palavra tolerância se impôs, foi certamente porque nos sentimos muito pouco capazes de amar ou de respeitar quando se tratam dos nossos adversários.

"Enquanto não desponta o belo dia em que a tolerância se tornará amável", conclui Jankélévitch, "diremos que a tolerância, a prosaica tolerância é o que de melhor podemos fazer! A tolerância é, pois uma solução sofrível; até que os homens possam amar, ou simplesmente conhecer-se e compreender-se, podemos dar-nos por felizes por começarem a suportar-se”.

A tolerância, portanto, é um momento provisório. Que este provisório está para durar, é bem claro e, se cessasse, seria de temer que lhe sucedesse a barbárie e não o amor! É apenas um começo, mas já é algum. Sem contar que é por vezes necessário tolerar o que não queremos nem respeitar e nem amar. Existem, como vimos, coisas intoleráveis que temos de combater. Mas também coisas toleráveis que são, no entanto, desprezíveis e detestáveis. A tolerância diz tudo isto, ou pelo menos autoriza.

Assim como a simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria a dos santos, a tolerância é sabedoria e virtude para aqueles - todos nós - que não são nem uma nem outra coisa.


Opúsculo - O que é a Maçonaria
A Tolerância e a Ordem Normativa - Ir\ Luciano Ferreira Leite
Sponville, André - Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Lisboa: Ed. Presença, 1995.

SER MAÇOM E ESTAR MAÇOM

VENERABILÍSSIMO MESTRE, RESPEITABILÍSSIMOS IRMÃOS PRIMEIRO E SEGUNDO VIGILANTES, QUE SÃO AS LUZES MÓVEIS QUE SUSTENTAM ESTE AUGUSTO TEMPO DE SALOMÃO,

RESPEITÁVEIS AUTORIDADES QUE ENRIQUECEM O ORIENTE,

ESTIMADOS E RESPEITABILÍSSIMOS IRMÃOS,


Gostaria de agradecer o convite por parte do venerabilíssimo mestre, para fazer uso da palavra nesta sessão. Esse auspicioso fato gera, para mim, duplo sentimento, pois me sento sobremaneira honrado, e, ao mesmo tempo, por demais preocupado, diante da plêiade de veneráveis irmãos presentes.


inicialmente, quero confessar ao venerabilíssimo mestre, às respeitáveis autoridades que ornam o oriente deste augusto templo, e aos estimados e respeitabilissimos irmãos presentes a esta sessão, a minha confissão de fé nos postulados da maçonaria e o respeito às autoridades legalmente constituídas, como embasamento e sustentáculos de minha crença nos princípios que me ensinaram, os quais procuro cultuar, obeceder e transmitir aos mais novos.



É possível, que no curso de minha fala, venha abordar problemas internos de nossa sublime ordem, que existem por obra e graça da conduta de alguns irmãos, e que precisam, de alguma forma, ser resolvidos.


Se isso ocorrer, antecipo, com todas as forças de meus sentimentos, minhas desculpas, deixando claro que não se trata, absolutamente, de nada existente no plano do relacionamento pessoal, reafirmando que seria unica e exclusivamente, para justificar a minha passagem, não apenas pelos templos que tenho frequentado, mas, principalmente, pela obediência ao cerimonial de nossa iniciação.


o tema sobre o qual vou discorrer, “ser maçom e estar maçom”, é, ao mesmo tempo, de fácil exposição, como, também, de expressiva complexidade, gerando, sem dúvida, preocupação.


deixando de declinar o nome da loja e dos irmãos, tenho conhecimento de um acomtecimento real e verdadeiro, em que o candidato foi regularmente sindicado, foi iniciado, elevado e exaltado, satisfazendo a todas as exigências, frequência, metais, visitas e trabalhos. Passado algum tempo de sua exaltação, abordou um irmão do quadro, indagando que já estava participando da loja há mais de três anos. Já era mestre, e, no entanto, ninguém falava na sua parte. Que parte? Perguntou o irmão. Ora, disse ele, eu sei que a maçonaria é rica e ajuda os irmãos, e eu quero saber quando vou recebeu a minha parte. O irmão, atônito, procurou explicar o que era a maçonaria, e o interesseiro nunca mais voltou à loja.


esse irmão era maçom ou simplesmente estava maçom, esperando a oportunidade para se locupletar, para tirar proveito da maçonaria, da loja ou dos irmãos?


muito a propósito, meus irmãos, e fica, aqui, registrado o alerta, existe nas ruas de são paulo uma pessoa, que ao passar por um possível maçom, diz: “tudo justo e perfeito”?. Alguns irmãos já foram abordados. Alega ser do interior e pede ajuda financeira. Quando o irmão abordado faz o telhamento, ele acompanha com sinais e toques até o grau de mestre. Aprofundando-se na identificação, entretanto, ao atingir o grau de companheiro, ele foge repentinamente.


quantos participam do universo da nossa sublime ordem, e, por certo, os irmãos presentes conhecem ou conheceram, aqueles que estão ou estavam maçons, a espera, simplesmente, de uma oportunidade para tirar proveto, para se locupletar da maçonaria ou dos irmãos?


eis, meus irmãos, a importância da sindicância e a grande responsabilidade de cada sindicante ao entrevistar um candidato. Em minha caminhada maçônica, de quase três décadas, já ouví dizer que candidatos foram entrevistados por telefone, estando em outro oriente, e que candidatos foram entrevistados por apenas um dos três sindicantes, limitando-se os dois outros a copiarem os dados colhidos.




não basta, para ser maçom, ser sindicado, iniciado, elevado ou exaltado. Nem os graus recebidos pelo irmão, de aprendiz, de companheiro ou de mestre, e nem o avental e o colar, fazem de um irmão um maçom.


É necessário muito mais!


já foi dito que “não é a púrpura e o arminho que fazem o juiz. É a integridade, é o saber. É o amor à virtude, o zêlo da justiça.” Assim, também, pode-se dizer, que não é o avental, nem o colar e nem o grau que fazem o maçom. É a sua conduta, o seu caráter, o seu procedimento dentro e fora do templo. É a exteriorização das luzes que emanam do seu templo interior.


a constituição do grande oriente do brasil, em seu artigo 1º, ao tratar dos princípios gerais da maçonaria, apresenta dez incisos, como postulados da conduta do maçom, dentre os quais, peço vênia para mencionar os de número iii e vi, que estabelecem, respectivamente:

“iii – proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um”;

“vi – considera irmãos todos os maçons, quaisquer que sejam suas raças, nacionalidades, convicções ou crenças.”


mas não é só!



quando de nossa iniciação, no curso das viagens, explica o irmão orador: “se desejais tornar-vos um verdadeiro maçom, deveis primeiro morrer para o vício, para os erros, para os preconceitos vulgares e nascer de novo para a virtude, para a honra e para a sabedoria.”


façamos uma auto-indagação. Perguntemos a nós mesmos, se conseguimos alcançar essa meta, ou seja, se conseguimos morrer para o vício, para os erros e para os preconceitos vulgares, e se nascemos de novo, para a virtude, para a honra e para a sabedoria.


se a minha resposta. Se a sua resposta, se a nossa resposta for afirmativa, com certeza, somos maçons. Se, entretanto, duvidosa ou negativa for a resposta, certamente, não somos maçons, mas estamos maçons.



mais adiante, o irmão orador explica ao iniciando os deveres do maçom, dizendo:

“o segundo dos vossos deveres e o que faz que a maçonaria seja o mais sagrado dos bens, além de ser a mais nobre e a mais respeitável das instituições, é o de vencer as paixões ignóbeis, que desonram o homem e o tornam desgraçado; praticar, continuamente, a beneficência, socorrer os seus irmãos, prevenir as suas necessidades, minorar os seus infortúnios, assistí-los com os seus conselhos e as suas luzes. Toda ocasião que ele perde de ser útil é uma infidelidade; todo socorro que recusa é um perjúrio; ...”


para aprovarmos o ingresso de um candidato aos nossos sublimes mistérios, exigimos que seja livre e de bons costumes, e é o que afirma o irmão experto, ao apresentá-lo ao templo, para receber a luz.



ser maçom, meus irmãos, é cumprir o sagrado compromisso assumido por ocasião de nossa iniciação. É investir tempo, sentimento, dedicação sem limites, na construção do nosso templo interior. É perquirir e buscar o aprimoramento de nosso caráter, de modo a nos posicionarmos perante a sociedade, como homens diferenciados, e sejamos reconhecidos como homens livres das pressões maléficas, de conduta ilibada e de bons princípios e costumes salutares.


chegou às minhas mãos, há alguns anos, um trecho extraído do discurso proferido pelo grande orador, por ocasião da inauguração do templo da grande loja de valparaiso, chile, em 30 de novembro de 1872, quando disse o irmão, com rara felicidade:

“a profissão do maçom é a mais difícil de ser exercida, porque toda ela é praticar virtudes, vencer dificuldades, semear o bem nas terras do porvir e tornar a semear o bem que se colhe.

Trabalhemos, eduquemos, cultivemos com solicitude e esmero as inteligências e os corações; exerçamos nossa profissão iniciando as novas gerações, realizando o progresso nas que hoje existem; e ao pisar estes umbrais do templo, ao inclinar nossas frontes ante a grandeza dos nossos símbolos, possamos estender os braços, louvar nossa missão e exaltar com o lábio agradecido, nossas doutrinas e nossas convicções ao supremo criador dos mundos.”


o maçom deve estar sempre alerta e vigilante, atento para não ser surpreendido pelo envolvimento de suas próprias imperfeições intrínsecas, porque, como ser humano, não está livre nem isento da falibilidade, do orgulho e da vaidade.


Mazzini, filósofo da unificação do povo italiano, grande maçom, considerado o apóstolo dos humildes, quando lutava pela reivindicação dos tabalhadores, seus compatriotas, procurava orientar o povo, ensinando e advertindo que a única maneira que os homens têm para fazer vitoriosos os seus direitos, é ter perfeita compreensão do cumprimento de seus deveres para com deus, para com a humanidade e para consigo mesmo.

nesse mesmo sentido, devemos lembrar o presidente kennedy, tão cedo e tão drasticamente tragado pela força do mal que impera e campeia no mundo profano, quando falou, certa vez, para os jovens soldados americanos, em que exortava, em outras palavras, que o importante não era saber o que a nação poderia oferecê-los, mas, sim, o que eles poderiam oferecer para a nação.



parafraseando, meus irmãos, esse saudoso mártir, podemos, igualmente, exortar, que não basta perquirirmos o que a maçonaria pode fazer por nós, mas sim, reafirmar a indagação, perguntando o que nós podemos fazer pela maçonaria.





para sermos maçons, devemos procurar, com todas forças que o grande arquiteto do universo nos concede, observar, cumprir e obedecer o decálogo da maçonaria, que mefoi passado, na loja roma, por ocasião de minha iniciação, no dia 11 de dezembro de 1976, que peço permissão para apresentá-lo, pois, certamente, os irmãos mais novos dele não tenham tido conhecimento, e aos antigos, uma oportunidade de recordá-lo:


“deus é a sabedoria eterna, onipotente e imutável: suprema inteligência e inestinguível amor. Deves o adorar, reverenciar e amar. Praticando as virtudes, muito o honrarás.

Tua religião consiste em fazer o bem, por ser um prazer para ti, e não unicamente, um dever. Constitui-te um amigo do homem sábio e obedece seus preceitos. Tua alma é imortal. Nada farás que a degrade.

Combaterás incessantemente o vício. Não farás a outrem o que não quizeres que te façam. Deverás ser submisso ao teu destino e conservar vivo o fogo da sabedoria.

Honrarás teus pais. Respeitarás e tributarás homenagens aos anciãos. Instruirás os jovens.

Sustentarás tua mulher e filhos. Amarás tua pátria e obedecerás suas leis.

Teu amigo será para ti tua própria imagem. O infortúnio não te afastará de seu lado e farás por sua memória o que farias por ele em vida.

Evitarás e fugirás de amigos falsos, assim como, quando possível, os excessos. Temerás ser a causa duma mancha em tua memória.

Não permitirás que as paixões te dominem. Serás indulgente com o erro.

Ouvirás muito, falarás pouco e obrarás bem. Olvidarás as injúrias. Darás o bem em troca do mal. Não abusarás de tua força ou superioridade.

Estudarás o conhecimento dos homens. Buscarás sempre a virtude. Serás justo. Evitarás a ociosidade.”


O comparecimento dos irmãos às sessões de sua loja, com efetiva participação nos trabalhos desenvolvidos é indispensável. O irmão deve contribuir diretamente com sua ação, para que o venerável mestre, juntamente com sua administração, possa conduzir a loja de modo dinâmico e empreendedor, num ambiente de harmonia e fraternidade, para que os irmãos do quadro tenham satisfação e alegria em comparecer às sessões, fazendo lembrar as palavras do salmista, quando disse: “alegrei-me quando me disseram vamos à casa do senhor”.


não é certo que o irmão faltoso, por cerca de dois ou três meses, ao chegar à loja, em vez de procurar por uma visão paronâmica dos trabalhos e dos irmãos do quadro, pergunte apenas ao irmão tesoureiro: quanto devo? Ou qual é o meu débito? Tais indagações, poderiam gerar uma resposta, em forma de pergunta, qual débito meu irmão, débido para com a loja, com os irmãos ou com a maçonaria?


Não basta a contribuição material. Estar em dia com o irmão chancelar e com o irmão tesoureiro, pouco significa, porque decorre unicamente, de uma pequena parte do conjunto das obrigações assumidas. “sois maçom? A resposta não pode ser: “meus irmãos como contribuinte me reconhecem”.


nosso irmão gióia júnior, numa de suas campanhas, distribuiu um soneto de sua autoria, intitulado “ser maçom”, que diz:


“ser maçom é querer tudo puro e correto,
É ter limpos os pés e ter limpas as mãos,
É querer habitar entre muitos irmãos
E louvar o poder do supremo arquiteto.

Ser maçom é ser bom e generoso e reto
E os enfermos buscar para torná-los sãos
E os pobres procurar para dar-lhes o teto, e os órfãos socorrer – e amparar os anciãos.

Ser maçom é ser forte e enfrentar a procela, é amar a existência e fazê-la mais bela,
É buscar a justiça, a igualdade, o direito.

Afinal, ser maçom é buscar a verdade,
Ser maçom é lutar em prol da liberdade,
Ser maçom é querer tudo justo e perfeito!.”


registra o livro da lei, que geová destriu as cidades de sodoma e gomorra, em consequência da extrema perversidade do seu povo. Registra, também, que o patriarca abraão procurou interceder em favor dos moradores de sodoma, pergundanto, se ali houvesse cinquenta justos, ainda, assim, a cidade seria destruída? Se achar cinquenta justos, não a destruirei, disse o senhor. Insistindo, perguntou o patriarca, se somente quarenta e cinco justos forem encontrados? Não a destruirei, foi a resposta. E se apenas quarenta? Também não a destruirem. Se forem encontrados apenas trinta? Pouparei a cidade. Se ali forem encontrados apenas vinte?, insistia o patriarca. Não a destruirei, por amor aos vinte. Finalmente, abraão faz a última pergunta, e se forem encontrados somente dez justos? A resposta de geová foi a mesma: não destruirei a cidade, se encontrar apenas dez justos.

e nem mesmo dez justos foram encontrados naquela cidade, que acabou por ser destruída.

elevemos, pois, caríssimos irmãos, os nossos pensamentos ao sup\ arq\ do universo, e senhor dos mundos, ele, que é onipresente, onisciente e onipotente, em preces ungidas de fé, para que a cadeia da fraternidade una os nossos corações, os nossos sentimentos e os nossos ideais e assim possamos alcançar o objetivo visado, para maior grandeza de nossa sublime e sempre gloriosa instituição, e que, num diálogo, como aquele acima mencionado, possa o grande arquiteto encontrar na maçonaria, número inferior a dez, não de maçons, mas de antimaçons.


Sejamos maçons, obreiros livres e de bons costumes, cada um, com o coração limpo e puro, e todos irmanados nos princípios basilares de liberdade, igualdade e fratrenidade.

e assim, somente assim, seremos maçõns e não estaremos maçons!

Muito obrigado.

Salve a maçonaria !

O Templo Maçônico

INTRODUÇÃO.

“A humanidade seria muito mais feliz se todos fossem maçons “.
O que esta frase tem haver com templo maçônico?
Bem, o templo maçônico, lugar propositalmente fechado, isolado completamente do mundo exterior, é onde se reúnem os homens livres e de bons costumes com o objetivo firme de divulgar e praticar a igualdade, liberdade e fraternidade com justiça.

O templo maçônico, em todos os ritos, segue, bem de perto, a orientação e a decoração do templo de Jerusalém e do tabernáculo.
De acordo com o texto bíblico, Moisés, seguindo as instruções recebidas no Sinai, mandou construir o Tabernáculo (em hebraico, suká: tenda), para os ofícios religiosos, durante a vida nômade do deserto, desde a saída do Egito, e para a guarda do Torá, conjuntos de textos sagrados hebraicos, conhecidos como o Pentateuco (Gênese, Êxodo, Números, Deuteronômio e Levítico).

Estaremos dissertando neste trabalho os diversos pontos importantes sobre o templo tais como: As Colunas, J B e as Romãs; Os 12 signos; Pavimento Mosaico e a orla dentada; A corda de 81 nos; Altar dos Juramentos; O Delta luminoso, sol, lua, O trono do venerável, as 7 luzes e o Painel da loja.

AS COLUNAS DO TEMPLO.

Normalmente, em Templos Maçônicos, encontramos na entrada as 2 colunas
“B” e “J”, estando “B” a esquerda de quem entra e “J” a direita; de cada lado do Templo visualizamos 6 Colunas e, sobre os tronos, 3 colunas menores.

A palavra “coluna” se origina do latim e seu significado refere-se ao sustentáculo vertical. Com exceção das colunas “B” e “J” , muitos autores não vêem, para as demais colunas, nenhum significado simbólico, a não ser o de representarem o sustentáculo do Templo. Outros autores citam que as colunas representam os principais oficiais da Loja, sendo cada coluna ornamentada por um signo do zodíaco. Desta maneira temos:

Venerável Mestre: Sol
1º Vigilante: Netuno
2º Vigilante Urano
1º Experto Saturno
Orador Mercúrio
Secretário Vênus
Tesoureiro Marte
M\ de Cerimônias Lua

As quatro demais colunas são normalmente distribuídas ao Hospitaleiro, ao Porta Estandarte e aos Diáconos. Por outro lado e independentemente da determinação acima, cada um de nós é Coluna de seu próprio Templo e, portanto, sustentáculo espiritual da Maçonaria.

Se, no entanto, existem diferenças relativas a importância dada as12 Colunas, tal não se dá em relação as Colunas “J” e “B”. Estas têm significado histórico e possuem forte representação Simbólica. A presença delas protegeria aquele que recebesse de Jeová a consagração de ser Rei ou Sacerdote. A presença de uma dessas colunas simboliza, portanto, a presença do próprio Senhor.
Sobre elas iremos tecer alguns comentários:
As Duas Colunas: (1º Livro dos Reis, Cap. VII - Bíblia).
O Rei Salomão trouxe de Tiro, um artesão de nome Hiram Abif, israelita por parte de pai e nephtali, por parte de mãe. Esse homem foi quem executou todos os ornatos do Templo de Salomão, incluindo, portanto, as 2 colunas construídas em bronze. Simbolicamente essas representavam as 2 colunas de homens que Moisés dirigiu quando da saída dos Hebreus do Egito.

No alto das duas colunas, ele colocou um ”capitel “ fundido em forma de lírio. Ao redor deste, uma rede trançada de palmas em bronze, que envolviam os lírios. Desta rede, pendiam em 2 fileiras de 200 romãs. À coluna da direita foi dado o nome de J e à da esquerda, B. Atribui-se a cor vermelha – ativo, Sol -- à coluna J\ e a cor branca ou preta – passivo, Lua – à coluna B\. O Vermelho significa inteligência, força e glória; O Branco, beleza, sabedoria e vitória.

Há quem esclareça que as colunas se destinariam a guarda dos instrumentos e ferramentas dos operários e que junto a elas, seria o local onde os operários receberiam seus pagamentos pelos serviços prestados. Nestas colunas estariam, portanto, guardados as espécies e o ouro com o que os operários eram pagos. No entanto, pelo tamanho das colunas fornecido pela Bíblia, seria impossível, em tão pequeno espaço, caberem todas as ferramentas e instrumentos alem do ouro e espécies. Também, em nenhum momento a Bíblia cita as colunas como local possuidor de portas de armários.

AS ROMÃS, OS LÍRIOS E AS CORRENTES.

Os Lírios simbolizam a pureza e a virgindade: a beleza feminina. Representam a chama pura e fecundante: o calor.

As Romãs simbolizam a virilidade masculina. Romã é um fruto possuidor de sementes avermelhadas unidas e de sabor agridoce. O vinho proveniente do cultivo da Romãzeira – utilizado desde os primórdios de Israel – possui propriedades afrodisíacas.

O grande número de grãos que a Romã possui e sua propriedade afrodisíaca, fez com que a mesma fosse considerada, na Simbologia popular, como sendo a representante da fecundidade e da riqueza. Este, talvez, seja o significado mais correto para as Romãs colocadas sobre as colunas de Salomão. No entanto, também, são simbolizadas como sendo a força impulsionadora para o trabalho e dispêndio de energia.
Na Maçonaria, os grãos da Romã, mergulhados numa polpa transparente, simbolizam os maçons unidos com energia e força para realizarem o trabalho.
Sete voltas de Correntes envolvem o capitel das colunas. Entre os antigos, as correntes representavam o cativeiro, mas, o verdadeiro significado dessas correntes nas colunas é obscuro. Para a Maçonaria representam, por um lado, os laços que acorrentam os profanos e por outro, a união dos maçons.

O PAVIMENTO DE MOSAICO.

Estendido no centro do templo, o Pavimento Mosaico é um tapete retangular, que evoca o quadro da loja. É representado por uma série de quadrados alternadamente brancos e pretos, que lembram o tabuleiro de xadrez, jogo de origens sagradas, e de relevantes significados simbólicos.
Os quadrados brancos e pretos simbolizam respectivamente a luz e as trevas, ou o dia e a noite, e em geral, congregam todas as dualidades cósmicas surgidas da reflexão bipolar da Unidade ou Ser Universal. Esta dualidade, é encontrada também na simbologia oriental do YIN-YANG. Onde YIN, representado pela cor preta simboliza a energia negativa, e o YANG ao contrário simboliza a energia positiva.
Segundo os orientais, a harmonia cósmica é obtida através da perfeita combinação YIN-YANG, que encontrados em todos os fenômenos da natureza, se complementam, proporcionando um perfeito equilíbrio em todas as atividades do universo. Sendo assim, a cor branca simboliza as energias ativas, masculinas, é o Sol, enquanto a cor preta simboliza as energias passivas, femininas e terrestres. Ambas se complementam, e determinam em sua perfeita interação o desenvolvimento e a própria estrutura da vida cósmica e humana. Essa estrutura, é gerada pela confluência de um eixo vertical (celeste) e outro horizontal (terrestre), que no mosaico formam uma trama quadriculada, que reflete as tensões e equilíbrios a que está submetida a ordem da Criação. Podendo equiparar-se também ao tempo (eixo vertical) e espaço (eixo horizontal), as duas coordenadas que estabelecem a existência de nosso mundo e de todas as coisas nele incluídas. O significado do Pavimento Mosaico aplica-se perfeitamente à loja Maçônica, recinto sagrado onde cada uma das partes ou seu conjunto constituem uma síntese simbólica da harmonia universal. Comparado a mandala, o pavimento mosaico é uma imagem simbólica da Ordem, onde o iniciado tem de se integrar plenamente, conciliando todas as influências procedentes do céu e da terra, que lhes permitirão recuperar a unidade de seu ser.

A ORLA DENTADA.

Simboliza a união dos Maçons. Os dentes representam os planetas que giram no Cosmos. Cada dente tem o formato de um triângulo. O Triângulo expressa a espiritualização dos Maçons que partindo da individualidade unem-se de forma indissolúvel, em torno de um ideal. Fisicamente dentro do Templo existem 2 Orlas Dentadas: uma ao redor do Pavimento dos Mosaicos; a 2ª contorna no Ocidente o pavimento da Loja.
O ALTAR DOS JURAMENTOS.
O Altar dos Juramentos é a parte mais sagrada de uma Loja. Este Altar derivou-se do Altar dos holocaustos, construído por Moisés, sob as ordens diretas de Deus.Na Maçonaria este altar que é simbólico, representa um altar de sacrifícios eis que ali o Neófito deixará, quando de seu juramento, todos os seus vícios e as suas paixões em holocaustos ao grande Arquiteto do Universo.
A posição do Altar dos Juramentos no Rito Escocês determina que seja ele colocado no eixo da Loja sobre a metade superior do Pavimento do Mosaicos, isto atendendo as considerações de ordem histórica e filosófica. O Altar dos Juramentos simboliza a Beleza do Caráter e constituindo-se no pilar principal. Há que se entender que o sistema filosófico da Maçonaria gira em torno de um ideal representado pelo Altar da Loja como fulcro de toda filosofia Maçônica. Sobre o Altar dos Juramentos encontra-se o Livro da Lei, um Esquadro com seus ramos voltados para o Oriente e um Compasso aberto com as pontas voltadas para o Ocidente e colocadas sobre o Esquadro.
Painel da Loja – Por Painel entende-se o Quadro que a Loja apresenta por ocasião da abertura dos trabalhos. Três são os quadros de uma Loja: Painel da Loja de Aprendiz; de Companheiro e de Mestre. Nos graus filosóficos normalmente não se usa a denominação Painel, mas, Emblema ou Escudo correspondente ao grau.
No Painel estão desenhados todos os símbolos maçônicos, necessários ao desenvolvimento dos trabalhos de seu respectivo grau. A sua colocação na Loja indica que continua viva toda a simbologia que orienta os trabalhos.
A colocação do Painel idealiza também, que nenhum trabalho seja iniciado sem que antes tenha havido um planejamento das atividades, ou seja, todos os participantes, ao adentrarem ao Templo e olharem para o Painel, estarão cientes do grau em que os trabalhos serão realizados. No inicio, os símbolos do grau eram desenhados, com giz, no chão, transformando o local num Templo. Posteriormente passaram a ser pintados ou bordados sobre panos ou tapetes. Em 1820, John Harris desenhou os Painéis que, salvo pequenas modificações, se encontram em uso até o presente.

TRONO DE SALOMÃO.

"Ao Trono de Salomão somente poderão estar assentados o V.: M.: e, quando for o caso, a mais Alta Autoridade Maçônica do Simbolismo presente na sessão, à direita do V.: M.: . O ex-Venerável não mais ocupa lugar no Trono de Salomão à esquerda do V.: M.: . Quando da Circ.: do Tronc.: de Benef.: e da Bolsa de PProp.: e IInf.:, o Ir.: M.: de CCer.: e o Ir.: Hosp.: deverá (sic) colher a Pr.: e o Óbolo de todos que estiverem assentados ao Trono de Salomão".
Peço vênia, apesar do respeito pelos autores, para discordar, veementemente. do texto, antes que ele influencie maçons novos e inexperientes:
Trono de Salomão só existe na cerimônia de Instalação de Veneráveis, a qual é encenada como tendo sido realizada no palácio de Salomão, onde existia, realmente, o Trono ; no templo não havia esse Trono. O assento que se encontra no Oriente, sob o dossel, no REAA, é, simplesmente, o Trono, e mais nada. Não é de Salomão e nem do Venerável.
Outra coisa: Trono é uma só cadeira. Como é que podem estar sentados no Trono (e não ao Trono), ao Altar, o Venerável e a mais alta autoridade do Simbolismo? Ocupam a mesma cadeira? E. se o ex-Venerável ainda ali tivesse assento, seriam três no mesmo lugar? Da mesma maneira, como podem, o Mestre de Cerimônias e o Hospitaleiro colher pranchas e óbolos de todos que estiverem assentados ao Trono "de Salomão", se o Trono é um lugar único?
O correto é dizer que, sentados ao Altar, ficam, o Venerável, no Trono, e a mais alta autoridade do Simbolismo, num lugar á direita do Venerável, o qual é exclusivo. Essa, inclusive, foi uma concessão do novo ritual do Grande Oriente do Brasil à vaidade de alguns maçons "notoriedades", porque, na realidade, esse lugar é privativo do Grão-Mestre, ou de seu Adjunto (Deputado Grão-Mestre), em qualquer lugar em que a Maçonaria seja praticada seriamente e não para servir a pavões. O ritual original, feito pela Grande Secretaria Geral de Orientação Ritualística, preconizava isso, mas, depois de tantas “luminares" mexerem nele, inclusive um Grão-Mestre estadual, que é do Rito Moderno, deu no que deu: ele continua deturpado, porque mexer todo mundo quer mexer, mas mexer com base, com pesquisa e com autoridade, poucos fazem e poucos podem fazer.

O SOL.

O Sol é o vitalizador essencial, possuidor de uma generosa fecundidade. Sem ele não existiríamos.
O Sol, sendo entendido como fonte de vida, passa a ser, automaticamente, a majestade, a luz principal, a fonte de todo o conhecimento e saber, o símbolo da espiritualidade, o ponto central de todas as coisas.
O Sol pode ser associado ao Irmão Orador, pois, este deve emanar a Luz como guarda da lei maçônica.
No Templo, o Sol fica no oriente, atrás do Venerável Mestre.

A LUA.

A Lua, é o reflexo do sol. Representa tanto quanto o sol, a saúde, pois, recebe e reflete os raios do sol.
A Lua é associada ao Irmão Secretário. Tradicionalmente, o Irmão Secretário, apenas registra as palavras do Irmão Orador (Sol), daí, sua associação com a Lua que reflete, simplesmente, a luz recebida do Sol.

DELTA LUMINOSO.

O Delta Luminoso está localizado no Oriente, entre o Sol e a Lua, alteando o trono do Venerável Mestre. Simboliza a principal luz da loja, da qual saem os raios vivificadores que iluminam e aquecem todos os irmãos, em igual forma e intensidade. É o símbolo do Ser e da Vida, uma figura com 3 lados e 3 ângulos que se mostra indivisível. No centro deste triângulo eqüilátero encontra-se um olho humano, representando o “olho divino” simbolizando o Poder Supremo com a sua principal característica, a Onisciência, na qualidade de principal entendimento divino que o povo traduz na frase: “Deus vê tudo...”


A CORDA DE 81 NÓS.

Corresponde a uma corda formando de distância em distância nós emblemáticos, chamados laços de amor, em número de 81 que percorrem toda parte superior dos Templos Maçônicos terminando suas extremidades diante das Colunas B e J onde pende uma borla de cada lado, indicando que os laços de fraternidade devem se estender para fora do templo.

Estão também representadas no painel do Grau de Aprendiz e indicam os laços de a união e a fraternidade que deve abranger a todos os Maçons do mundo.

A corda de 81 nós também tem relação com outros símbolos do templo, são eles : a Orla Dentada , o Pavimento Mosaico , a Cadeia de União e as Romãs, símbolos estes que relembram a todos os Maçons espalhados pela superfície do globo, que formam entre si uma única família.

SIGNOS.

Sinal, símbolo. 2.Cada uma das 12 constelações que se localizam na faixa do Zodíaco que corresponde 1/12 desta faixa da esfera celeste, tendo, assim, 30º de extensão. E cada signo está representado por uma forma e ligado a um anjo a saber:Áries/Shamael, Touro/Hanniel, Gêmeos/Raphael, Câncer/Gabriel, Leão/Mikhael, Virgem/Raphael, Libra/Hanniel, Escorpião/Shamael, Sagitário/Zadkiel, Capricórnio/Orifiel, Aquário/Orifiel, Peixes/Zadkiel.

Assim como as doze colunas da Loja indicam os doze signos do zodíaco, dentro do corpo físico se acham doze partes, doze faculdades influenciadas por aqueles signos e repartidas em redor do sol espiritual no homem,representar um ideal mais esotérico. Semelhante ao sol colocado entre os signos, assim e o verdadeiro homem; está dentro do corpo físico, está suspenso entre duas decisões donde vai nascer seu futuro espiritual, depois de haver nascido seu ser físico. Obs.: Algumas Lojas as doze colunas são representadas pelos doze quadros dos signos.
O ano tem 12 meses; Jacob teve doze filhos; Jesus doze Apóstolos, e o homem, como contraparte de lei cósmica, tem doze faculdades de espírito em si. Durante o ano, o sol visita seus doze filhos do Zodíaco; o Sol Cristo, no homem, também vivifica durante o ano as doze faculdades representadas pelos filhos de Jacob ou apóstolos de Jesus.

CONCLUSÃO:

Todos sabemos das grandes influências exercidas por maçons, em fatos históricos em todo o mundo. No Brasil especificamente, o cidadão comum, desde que possuidor de um nível cultural razoável, sabe o quanto foi decisiva, para fatos relevantes de nossa história, a participação da maçonaria. É claro que os tempos mudaram. No entanto, ninguém pode apagar a história e estes fatos, podem se constituir na grande arma de que dispõe a maçonaria, para fortalecer o seu exército, trazendo para suas fileiras um número maior de seguidores. Homens de conduta também exemplar, preferencialmente cultos e com capacidade de desenvolver liderança e formar opinião. Já existe uma movimentação maçônica neste sentido, nas universidades. Serão os maçons do futuro, e que certamente ocuparão lugar de destaque em nossa sociedade.
Em síntese, poderíamos admitir como verdade, que a humanidade seria muito mais feliz, se todos os homens fossem maçons. Esta seria uma situação ideal, apenas teórica. Mas considerar que todos os homens gostariam de viver a prática dos princípios maçônicos é real e perfeitamente possível. Estaríamos vivendo em uma sociedade, onde o próprio homem exerceria uma permanente vigilância sobre si mesmo, sem oportunismos, egoísmos e vaidades pessoais.



Bibliografia:

01) Boucher, J. - "A Simbólica Maçônica"
02) Camino, R. da – "Dicionário Filosófico de Maçonaria"
03) Castellani, J. - "Cartilha do Aprendiz" e "Dicionário Etimológico Maçônico"
04) Charlier, R. J. – "Pequeno Ensaio Simbólica Maç nos Ritos Escoceses"
05) Christian J. – "A Franco-Maçonaria"
06) Figueiredo, J. G. – "Dicionário de Maçonaria"
07) Moreira, A. P. – "Chave dos Mestres"
08) Prado, Luiz – "Roteiro Maçônico para o Quarto de Hora de Estudos"
09) Pusch, J. – "ABC do Aprendiz"
10) Santos, S. D. – "Dicionário Ilustrado de Maçonaria"
11) Tourret, F. – "Chaves da Franco-Maçonaria"
12) "Ritual do Simbolismo – Aprendiz Maçom"
13) Comentários ao Ritual de Aprendiz de Nicola Aslan - Editora Maçônica.
14) Maçonaria Mística de Rizzardo Da Camino - Editora Aurora
15) Assis Carvalho - Caderno de estudos maçônicos (O Aprendiz Maç Grau1)
16) José Castellani - Maçonaria e Astrologia
17) José Castellani - O Grau de Aprendiz Maçom
18) Rizzardo da Camino - O Aprendiz Maçom
19) Edição 1999 - Ritual do Grau de Aprendiz
20) Aslan, N. – "Comentários ao Ritual de Aprendiz Vade – Mécum Iniciático"
21) José Castellani - A Maçonaria Moderna

O QUE É A MAÇONARIA

I -Introdução:
A presente monografia tem como objetivo apresentar idéias adquiridas por meio de pesquisa bibliográfica sobre assunto no qual o autor é um simples neófito. Esse neófito que vos escreve interessou-se pelo estudo metódico sobre a ordem desde 1997 da EV quando seu paciente, então Grão-Mestre Geral (Soberano) Francisco Murilo Pinto convidou-o a uma sessão branca. Muitas perguntas surgiram, como se subitamente despertasse para um mundo que ali sempre esteve, porém velado. Encontrei e observei muitos maçons nesse caminho. Acredito que nada seja por acaso e tudo tem seu tempo certo, minha pesquisa incessante tem respondido apenas a apenas algumas dessas dúvidas. Porém nada se comparou à experiência surgida após a iniciação no ano de 2002 da EV, proporcionada pelo convite irrecusável de um irmão de caráter, idoneidade e retidão ímpar. Os caminhos que se abriram após a iniciação são inúmeros e tendem ao infinito como retas paralelas. Nasci para um mundo novo, evolui para nova dimensão do conhecimento, mas o caminho é longo. Certamente meu entendimento sobre a Ordem melhorou, mas ainda é escasso. Tento apresentar o que aprendi até então, porém como um recém-nascido, que não consegue distinguir muito bem o universo que o cerca.

II-Desenvolvimento:

Pode-se depreender muito da Constituição do Grande Oriente do Brasil em seu Título I: Da Maçonaria e seus Princípios, Capítulo I Dos princípios gerais da Maçonaria e dos postulados universais da Instituição. Em seu artigo primeiro declara ser instituição iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista. Pelo exposto nesse item pode-se inferir que a Maçonaria é uma sociedade discreta, na qual homens livres e de bons costumes, denominando-se mutuamente de irmãos, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os homens. Seus princípios são a Tolerância, a Filantropia e a Justiça. Seu caráter secreto pode ser relacionado a perseguições, intolerância e falta de
liberdade demonstrada pelos regimes reinantes em diversas épocas da Humanidade. Hoje, com os ventos democráticos, os Maçons preferem manter-se dentro de uma discreta situação, espalhando-se por todos os países do mundo.
Ainda no artigo primeiro, parágrafo I: condena a exploração do Homem, os privilégios e regalias, enaltecendo, porém o mérito da inteligência e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria, e à Humanidade. Sendo uma sociedade iniciática, seus membros são aceitos por
convite expresso e integrados à irmandade universal por uma cerimônia denominada "iniciação". Essa forma de ingresso repete-se, através dos séculos, inalterada e possui um belíssimo conteúdo, que obriga o iniciando a meditar profundamente sobre os princípios filosóficos que sempre inquietaram a humanidade. O neófito ingressa na Ordem no grau de Aprendiz. Ao receber instruções e ensinamentos, galga ao grau de Companheiro e após período de estudos, chega ao grau máximo do Simbolismo, ou seja, o Grau de Mestre Maçom.
Não há dados que marquem com precisão a origem da Maçonaria, existem muitas versões, histórias e lendas a respeito do começo da sociedade maçônica. Há quem afirme que é uma inspiração transmitida por intuição ao homem, vinda da Fonte inesgotável de sabedoria (RIBEIRO, 2000).
Os outros dez parágrafos do artigo primeiro são também muito importantes como o segundo sobre a incompatibilidade do sectarismo político, religioso ou racial com o espírito maçônico; o terceiro sobre a liberdade, igualdade de direitos e tolerância; o quarto sobre a liberdade de expressão; o quinto sobre o trabalho como dever social e direito inalienável; o sexto sobre a fraternidade entre maçons independente de raças, nacionalidades, convicções ou crenças; o sétimo sobre o dever do maçom quanto ao amor á família, fidelidade e devotamento à Pátria e obediência à lei; o oitavo determinando liberalização dos laços fraternais para todos os homens; o nono recomendando divulgação da doutrina somente pelo exemplo e palavra e décimo adotando sinais e emblemas utilizados nas oficinas de trabalho.
Do artigo segundo e seus nove parágrafos depreende-se que os Maçons reúnem-se em um local ao qual denominam de Loja e dentro dela praticam seus rituais. Estes são dirigidos por um Mestre Maçom experimentado, conhecido por Venerável Mestre. Suas cerimônias são sempre realizadas em honra e homenagem a Deus, denominado Grande Arquiteto do Universo. Seus ensinamentos são transmitidos através de símbolos dando assim um conhecimento hermenêutico profundo e adequado ao nível intelectual de cada indivíduo. Os símbolos são retirados das primeiras organizações Maçônicas, dos antigos mestres construtores de catedrais. "Maçom" em francês significa pedreiro. Devido a esse fato encontramos réguas, compassos, esquadros, prumos, cinzéis e outros artefatos de uso da Arte Real, ou seja, instrumentos usados pelos mestres construtores de catedrais e castelos, que são utilizados para transmitir ensinamentos. Por possuir um conhecimento eclético, a Maçonaria busca nas
mais diversas vertentes suas verdades e experiências, dando um caráter universal a sua doutrina.
A Maçonaria não é religião, pois o objetivo fundamental de toda sociedade religiosa é o culto à divindade. Porém, parece ser objetivo da Ordem Maçônica
aproximar o Homem de Deus e servi-Lo como seu instrumento na terra. Cada Loja possui independência em relação às outras Lojas da jurisdição, mas estão ligadas a uma Grande Loja ou Grande Oriente, sendo estes soberanos. Cada Grande Loja ou Grande Oriente denomina-se de "potência". Essa é uma divisão puramente administrativa, pois as regras, normas e leis máximas, denominadas"Landmarks", são comuns a todos os Maçons. Um dos Landmarks básicos da Ordem é que o homem, para ser aceito, deve acreditar em princípio criador, independente de sua religião. Seus integrantes professam as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros são cristãos, adota-se a Bíblia.
Há, no entanto, um outro Templo que a Maçonaria se propõe construir, que não o material acima citado, mas filosófico, que é o Templo à Virtude. A virtude aqui colocada como um hábito de proceder bem, ou moralidade, como as faculdades de inteligência e vontade. A moralidade por sua vez tem uma ordem natural e outra sobrenatural. As virtudes de ordem natural, ou cardeais são: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança. As outras giram em torno dessas quatro. As sobrenaturais ou teologais são: a fé, esperança e caridade. Parece ser essa a seara maçônica, ao postular o trabalho na pedra bruta.

III- Conclusão:

Após a iniciação nasci para um mundo novo, recebi a luz! Nas noites que se seguiram, até hoje, medito sobre o real significado de ser maçom, suas responsabilidades com o grupo, instituição e humanidade. Aprendi a confiar na mão do Irmão que me guiou na Iniciação, fundamento desses meus primeiros passos, como no salmo 133. A Maçonaria é projeto sublime realizado por homens. É impossível separar espírito humano de seus defeitos. Mesmo realizada por mãos imperfeitas a obra tem sido excelente ao longo dos séculos. Espero poder estar à altura de ajudar a polir e assentar mais uma pedra a essa obra.

Que o nosso G\A\D\U\ a todos ilumine e guarde.


IV- Bibliografia Consultada:

BACELAR, M.L. Os 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, Ed. Mandarino, 1980.
CASTELLANI, J. Cartilha do Aprendiz, Ed. Maç A Trolha, 2001.
CASTELLANI, J. Dicionário Etimológico Maçônico, Ed. Maç A Trolha, 1993
CASTELLET, A.V. O que é a Maçonaria, Ed. Madras, 1997.
COCUZZA, F. A Maçonaria na Evolução da Humanidade, Ícone Ed., 1994.
CORTEZ, J.R.P. Fundamentos da Maçonaria, Ed. Madras, 2001.
Constituição do Grande Oriente do Brasil, 2001.
FONTAINE, P. A Verdade sobre a Maçonaria Ed Mandala, 1995.
IMBRAPEM Encontro Nacional, volume 2, Ed. Maç A Trolha, 2001.
LEADBEATER, C.W. Pequena História da Maçonaria, Ed. Pensamento, 1997
PIRES, J.S. Um Estudo Ritualístico de Primeiro Grau, Ed. Maç A Trolha, 2003.
RIBEIRO, W. Maçonaria para Leigos e Maçons, Ed. Master Book, 2000.

Sites consultados:
www.maconariadobrasil.org.br/Default/o_que_e_maconaria/oque_maconaria_principal.htm, em 22/3/2003.
www.glmasons-mass.org/Grand_Lodge/library/library.htm, em 20/3/2003.
www.zen-it.com, em 19/3/2003.

O PAINEL SIMBÓLICO DO GRAU DE COMP.`.

“Daí não sabemos o porquê de se colocar Três Painéis num Ritual do Rito Escocês, do Segundo Grau, se não se ensina nada sobre eles – com a agravante ainda maior, quase não se faz Sessões no Grau de Companheiro”.

Assis Carvalho (04/10/1934 – 03/11/2002)

I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A ausência de um Painel entapetado no centro do piso mosaico torna incompleta uma L.'. M.`.. A sua presença é indispensável durante a realização da Reunião. Não é para menos, porquanto o Painel representa um estandarte, ou insígnia, no qual os símbolos apropriados ao respectivo Grau estão gravados para serem estimados, compreendidos e respeitados. É, pois, ritual inevitável estendê-lo no início da sessão e enrolá-lo no final dos trabalhos.

Esta preocupação provém dos idos tempos da Mac.`.. A bem da verdade, quiça nesta época, a representatividade do Painel fosse ainda mais significativa, pois os primitivos maçons desenhavam os símbolos do Painel no chão, vivificando-os a cada início do encontro e ocultando-os, para sua preservação, ao final. Isto porque, nesta ocasião, inexistiam os Templos M.`., assim 1º Experto era obrigado a riscar no centro dos Varandões dos canteiros de obras, a giz ou a carvão, o desenho das ferramentas dos MM.'. Operativos e das Colunas e Pórtico encontrados nas ruínas do Templo do Rei Salomão. Paulatinamente, estes Símbolos foram sendo desenhados, pintados ou bordados permanentemente em um pedaço de pano, lona e tapetes que receberam o nome de Painel.

Há 262 anos, de acordo com fontes históricas confiáveis, pôde-se, pela primeira vez, ver impresso nos livros do Abade Gabriel Luiz Calabre Perau (1700-1767) o mais antigo Painel Maçônico. Este guardava características peculiares, porquanto reunia símbolos e ferramentas tanto de Aprendiz, como de Companheiro. Por este motivo, era identificado como Painel Misto (Aprendiz-Companheiro) ou conjugado, tal como publicado no Livro de Revelações (Exposures): primeiro, com o título de “Les Secretes des Francs-Maçons” (Os Segredos dos Franco Maçons, 1742 - 1a. Edição, Amsterdã) e, em 1745, numa 2a Edição do mesmo livro, com o título de “L’Ordre des Francs-Maçons Trahi” (A Ordem dos Franco Maçons Traída). Este Painel já contava com a presença de: Est.'. Flam.'., Letra “G”, Trolha, Globo, Pedra de Afiar, Luminárias (Sol e Lua) e as Letras J e B.

É certo que o Grau de Comp.`. conta com o maior número de Painéis, comparado com os demais Graus. Apenas a título de exemplo, além do Simbólico do 2o Grau que é objeto deste trabalho, podemos mencionar ainda outros dois: Painel de Harris (Alegórico), no qual observa-se a Fonte de Água Corrente e a Espiga, as Duas CCol.'. Vestibulares, a Escada em Caracol e a Câmara do Meio; e Painel da Loja de Com.'., no qual estão representadas as Sete Artes, as Ciências Liberais e as Cinco Nobres Ordens de Arquitetura.

No entanto, optamos por elaborar um estudo comparativo entre o Painel Conjugado e o Simbólico do Grau de Comp.`. atualmente praticado em nossa Ordem. Objetivamos com isto confrontar o passado com o presente, na tentativa de produzir efeitos instrutivos relevantes com elevado conteúdo explicativo.

III. ANÁLISE COMPARATIVA

Assim, comparando os Painéis Misto e Simbólico do 2º. Grau, é possível traçar o seguinte quadro:

No Painel Simbólico, consta uma orla denteada que contorna todo o retângulo que o constitui, presente também no Painel Conjugado. Esta orla simboliza a união fraterna que deve existir entre os homens. No ponto médio de cada uma de suas faces, encontramos as marcas dos quatro pontos cardeais. Em suas junções, também observamos uma Trolha – vista no interior tanto do Painel Misto, como do Painel Simbólico; porém, neste na Col.'. do N.'. e naquele na Col.'. do S.'., simbolizando a indulgência e o perdão;

Na parte superior do retângulo que compõe ambos os Paineis, há representação de uma corda com três (ao invés de cinco) nós, terminada por uma borla. Somente na Maç.'. Especulativa é que apresenta significado, como, por exemplo, os “três laços de amor” ou a imagem da união fraterna entre IIr.'.;
As Sete estrelas, que representam as sete Ciências Liberais, são representadas apenas no Painel Simbólico;

Ainda na parte superior e à direita do Painel Simbólico, há o desenho da Prancheta de traçar ou Prancheta da L.'., que constitui uma das três jóias fixas da L.'. de M.`.. Diferentemente, no Painel Conjugado, não a observamos representada da mesma maneira que a anterior, isto é, pelas cruzes quadruplas e de Santo André;

As duas luminárias (Sol e Lua) estão representadas de forma semelhante nos dois Painéis. Ou seja, o Sol à esquerda e Lua à direta (como no R.'. E.'. A.'. A.'.). Entretanto, pode haver Painel que os representem posicionados de forma diferente. Isto quer dizer que há Painéis diferentes para Ritos distintos;

No Painel Misto, o Esquadro está presente na parte inferior do retângulo e o Compasso na parte superior; portanto, não sobrepostos. No Painel atual do grau de companheiro e no nosso rito os vemos entrelaçados com a haste esquerda livre direcionada à Col.'. do S.'.. Outra diferença é a presença, no Conjugado, da letra “G” em destaque, no centro do retângulo e distanciada da Est.'. Flam.'.; ao passo que, hoje, em nosso Ritual, estão representadas formando um único conjunto;

Do lado direito, na parte superior, média e inferior do retângulo que compõe o Painel Misto observamos três janelas: uma entre o Comp.'. e a Est.'., outra abaixo do Pórtico e acima do Esq.'. Ambas alinhadas medial e longitudinalmente. A terceira janela é observada na Col.'. do S.'. (no seu ponto médio). De forma um pouco diferente, no Painel Simbólico, uma das três janelas se encontra na parte superior do retângulo, alinhada com a Col.'. do S.'.. As duas outra são vistas, uma na parte média desta Col.'. e outra na parte inferior do retângulo. Simbolicamente temos qu a luz forte qu vem do o Oc.'.(acima do quinto degrau). De forma pouco diferente, no Painel Simbólico, a terceira janela está no início da Col.'. do S.'.. Simbolicamente temos que a Luz forte que vem do Or.'. é fraca na Col.'. do S.'. e escassa no Oc.'., mas ausente a luminosidade solar na Col.'. do N.'., onde estão os AApr.'.;

Ainda na Col.'. do S.'. do Painel Simbólico vemos uma espada simbolizando a 5a viagem. Ferramenta não encontrada no Painel Conjugado. Observa-se, ainda neste último, superior e inferiormente, três tocheiros ou candelabros: dois na parte inferior direita e esquerda do retângulo e um terceiro em sua parte superior direita;

Inferiormente, delimitando o Pórtico do T.'. no Painel Misto, encontramos duas CCol.'. com as letras “J” e “B” externamente ao lado. No Painel Simbólico, ao contrário, estas letras se encontram grafadas nas CCol.'. e de forma invertida, isto é, “B” à esquerda e “J” à direita;

Em ambos os Painéis vê-se o Pórtico do T.`. ao fundo e entre as CCol.'.. Entretanto, no Painel Misto, esta representação se dá de forma um pouco diferente, ou seja, em uma linha central do retângulo inferiormente à letra “G”, centralizada e abaixo de um triângulo suspenso por quatro CCol.'. Curiosamente, aqui também se encontra a representação de três portas: uma logo acima dos sete degraus, outra no ponto médio da borda lateral do retângulo e ainda uma no ponto médio da linha superior desse retângulo à frente do trono do V.'. M.'. ;

Na extremidade inferior do retângulo, vemos a representação sobre o chão da L.'., reproduzida pelo Pav.'. Mos.'., ao lado de cada uma das CCol.'., da P.'.B.'. e da P.'.C.'.. Estas P.`. são observadas no Painel Conjugado alinhadas na Col.'. do N.'., sendo que a P.'.B.'. está superior e a P.'.C.'. inferior;

O Maço (Malho) e o Cinzel (Escopro) são representados em uma peça única quando se observa o Painel Misto, posicionados inferiormente junto e medialmente à Col.'. do N.'. Diferentemente, no Painel Simbólico, os vemos como peças individuais, mas postados entre si de forma cruzada, e posicionados inferior e lateralmente à Col.'. do N.'.;

O Nível e o Prumo encontram-se representados, respectivamente, nas CCol.'. do N.'. e do S.'. do Painel Misto. Já, no Painel Simbólico, os vemos no centro do Painel, mas com a mesma correspondência; ou seja, Nível à direita e Prumo à esquerda.

Em ambos os Painéis, o chão da L.'. está representado por um Pav.'. Mos.'. em diagonal;

Uma Alavanca entrecruzada com uma Régua é representada na Col.'. do N.'.. Não sendo observada, assim como a Régua, no Painel Conjugado;

No Painel Misto, podemos ver a representação de uma Esfera medialmente alinhada com outros símbolos. Entretanto, no Painel Simbólico, encontramos duas Esferas posicionadas no topo de cada uma das CCol.'. “J” e “B”: uma, representando a Terra (Col.'. “B”) e a outra representando o Céu (Col.'. “J”).

Na parte inferior de ambos os Painéis estão representados os degraus: cinco no Painel Simbólico e sete no Painel Misto.

III. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Eis essencialmente as comparações possíveis de se formular entre o Painel Misto e o Simbólico, dos quais nota-se pontos de contato e diferenças. Procuramos esta linha de pesquisa, pois sabíamos que surtiriam efeitos pretendidos; e, de fato, surtiram. A contribuição proporcionada por este trabalho comparativo à nossa cultura maçônica foi significativa, já que alcançamos algumas conclusões de suma relevância. Sem esgotar todas, três nos parece importantes para, por ora, nos atermos.

A primeira delas nos ensina a evolução dos símbolos sem desconciliar-se com a tradição. Do Painel Misto ao Simbólico, nota-se claramente o enriquecimento simbólico, tanto assim é que houve a desvinculação dos Graus. Os AAp.`. e os CComp.`. conquistaram seu próprio Painel; por conseguinte, os respectivos símbolos tornaram-se mais ricos e detalhados, sem, contudo, perder a essência da tradição simbólica destes Graus.

Notamos ainda o poder de criação do homem para ampliar as representatividades do Painel. No Misto, inexistem, por exemplo, as sete estrelas. No entanto, quão os M.`. se desenvolvem no estudo deste símbolo? É imensurável; e hoje, no Painel Simbólico, temos à disposição o poder desta imensidão de significados. Por meio destes símbolos, podemos estudar a representação das Ciências Liberais, com toda sua extensão de valores.

Este ensinamento nos leva a outro, tão ou mais relevante: “Símbolo estático é símbolo superado na Maçonaria” (Trolha, 2002, p.45). De fato, a simbologia é rica em significados, e são estes que, a nosso ver, influem diretamente na necessária vivacidade dos símbolos, propulsando a evolução, com o cuidado - a se ter sempre - de não romper com as tradições.




BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

ASLAN, Nicola. Grande Dicionário de Maçonaria e Simbologia. Londrina/PR, Ed. A Trolha, 1996, 4v.

BELTRÃO, Carlos Alberto Baleeiro. As Abreviaturas na Maçonaria. São Paulo: Madras Editora, 1999.

CARVALHO, Assis. Companheiro Maçom, 2a ed., Londrina/PR, Ed. A Trolha, 1996.

CARVALHO, Assis. Símbolos Maçônicos e Suas Origens. Londrina/PR, Ed. A Trolha, 1996.

CARVALHO, Assis. Instruções para Loja de Companheiro: REAA. 4a ed., Londrina/PR, Ed. A Trolha, 2002.

CASTELLANI, José e RODRIGUES, Raimundo. Cartilha do Companheiro, 2a ed., Londrina/PR, Ed. A Trolha, 2002.

GRANDE ORIENTE do BRASIL Ritual – 2o Grau – Companheiro. Brasília, DF, 2001.




O MAÇOM NA POLÍTICA

UM POUCO DO PASSADO NA HISTÓRIA; UMA VISÃO CRÍTICA DO PRESENTE E PERSPECTIVAS SOBRE O FUTURO

03 de abril de 2004
Índice:

I –INTRODUÇÃO - 3

II –ALGUNS EPISÓDIOS DA HISTÓRIA - 4
II.a) Inconfidência Mineira - 4
II.b) Conjuração Baiana - 5
II.c) A Revolução Pernambucana - 5
II.d) A Independência - 6
II.e) A Guerra do Farrapos - 7
II.f) A Abolição da Escravatura - 8
II.g) A Proclamação da República - 8

III – UMA VISÃO CRÍTICA DO PRESENTE - 9

IV - UM BREVE ARRAZOADO SOBRE POLITICA E SOBRE MAÇOM NA POLÍTICA - 11

V – PERSPECTIVAS SOBRE O FUTURO –
UM CAPÍTULO À PARTE SOBRE O MAÇOM DAS LOJAS UNIVERSITÁRIAS
NA POLÍTICA – 13

VI – CONCLUSÃO – 15

BIBLIOGRAFIA - 17


O MAÇOM NA POLÍTICA: UM POUCO DO PASSADO NA HISTÓRIA; UMA VISÃO CRÍTICA DO PRESENTE E PERSPECTIVAS SOBRE O FUTURO



I - INTRODUÇÃO:

Inobstante a imperfeição ser uma característica inata do ser humano, uma caminhada pelo passado sempre produz lições para repetir e aprimorar os acertos e as virtudes nas ações do presente e nas planejadas para o futuro, contribuindo, sobremaneira, para que erros, se ocorridos, sejam evitados ou, pelo menos, minimizados a tal ponto que não se sobreponham às conquistas alcançadas.

O Maçom, buscando de forma incessante o conhecimento, e assim agindo como um átomo da humanidade e com a visão sempre voltada para a universalidade, tem a vantagem de superar-se constantemente e a capacidade de repartir os frutos benfazejos dessa superação e do aprendizado maçônico, com os membros de sua família, com os Irmãos de sua Fraternidade, com a sua comunidade, com seu País e, não duvidem, com o mundo.

O propósito desse ensaio, apresentar uma opinião sobre o papel do Maçom no exercício da Política, entendendo-se esta como aplicação na prática da nobre ciência da conversa, do entendimento e da arte de viver um em boa comunhão com o outro, passa inevitavelmente por lances históricos do País que tiveram, de algum modo, a interferência de pensamentos e atitudes maçônicas.

Mas esse passeio pela história não tem a pretensão, nem poderia e não seria esse o sentido do trabalho, de esgotar a descrição dos fatos que aconteceram ao longo dos séculos.

Também não pretende tomar partido, apontar quem estava certo ou errado, se deveria ter sido daquela maneira ou se seria melhor ter acontecido de outra. Apenas quer lembrar e elencar alguns episódios, para tentar demonstrar que o Maçom, como homem e cidadão, teve participação, muitas vezes decisiva, em fatos históricos importantes que compuseram a vida do Brasil e de seu povo.

E daí, usando a plataforma do passado, procurar lançar perspectivas para o futuro, em termos de idéias sobre como deve ser a participação do Maçom na Política e que destaque deve ter, nesse contexto, o jovem Maçom formado no seio das Lojas Acadêmicas.

II – ALGUNS EPISÓDIOS DA HISTÓRIA:

O descontentamento dos brasileiros com o domínio da Colônia Portuguesa tomou força com o movimento intelectual do final do século XVIII que, aliado aos movimentos europeus, notadamente na França e Inglaterra, cresceu de maneira a criar o próprio levante dos brasileiros contra a tirania. Todos estes movimentos, seja na Europa ou até mesmo nos países das Américas, tiveram um vetor primordial, a Maçonaria, engajada profundamente através da luta de seus membros pela liberdade.

No Brasil, a partir de 1786, surgiram os primeiros movimentos influenciados pela bandeira da Maçonaria, principalmente a francesa, com José Álvares Maciel e outros como responsáveis pelo surgimento dos primórdios da Maçonaria no Brasil.

a) Inconfidência Mineira

Os primórdios do movimento de libertação nascido em Minas Gerais tiveram a participação ativa de José Joaquim da Maia, estudante da Universidade de Montpelier, um grande Centro Maçônico na França, e de José Álvares Maciel, que juraram empregar todos os recursos possíveis para alcançar a independência do Brasil. O Alferes da Cavalaria, Joaquim José da Silva Xavier, Maçom iniciado na Bahia e agregado ao movimento, viajava por toda a província e conhecia de perto a miséria do povo e a tirania dos governantes. Esses, e muitos outros, eram chamados de “maçons adeptos da República” e integrantes do grupo de inconfidentes mineiros, sob a orientação dos poetas Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Inácio Alvarenga Peixoto.
Os esforços dos conjurados, notadamente os de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, frustraram-se em 15 de Março de 1789, em virtude da denúncia do também conjurado Joaquim Silvério dos Reis, tendo sido praticamente todos levados à execução ou ao degredo, em 1792, com o realce da morte de Tiradentes por enforcamento.

b) A Conjuração Baiana (1799)

Os conjurados baianos, imbuídos dos ideais da Revolução Francesa, desejaram implementar a República. Idealistas autênticos, seguiram um programa de ação claramente de origem maçônica, pois lutaram pela liberdade de pensamento e religião, abolição da escravatura, e instalação de um regime democrático baseado na igualdade geral de direitos.
Não houve indulto algum aos trinta e quatro réus julgados (o movimento envolveu mais de seiscentas pessoas), e o menor castigo cominado foi o degredo.
Em 05 de novembro de 1799, eram condenados Lucas Dantas de Amorim Torres, João de Deus Nascimento, Manoel Faustino dos Santos, e Luis Gonzaga das Virgens, tendo todos sido executados por enforcamento na manhã do dia 08 do mesmo mês.

c) A Revolução Pernambucana (1817)

Mais uma vez os ideais republicanos tomam conta do coração de maçons brasileiros. A revolução iniciou-se com um incidente em um quartel da artilharia, quando o capitão José de Barros Lima mata um brigadeiro português e liberta os presos políticos. No dia seguinte, 07 de março, constitui-se um governo provisório, composto do padre João Ribeiro de Melo Montenegro, capitães Domingos Teotônio, Jorge Martins Pessoa, João Luis de Mendonça, coronel Corrêa de Araújo e Domingos José Martins e o padre Miguelinho, todos maçons.
Medidas liberais foram decretadas, como a adoção de uma bandeira republicana e a elaboração de um projeto de Constituição, na qual se incluía a tolerância religiosa e a emancipação da escravidão.
Mais uma vez a rebelião foi reprimida e seus conjurados executados, sobrepondo-se novamente o regime monárquico.
Um outro nome de proa nesse movimento, além dos maçons mencionados, foi o de Antonio Carlos de Andrada e Silva, irmão de José Bonifácio de Andrada e Silva, levado preso para a Bahia, longe do palco da insurreição.


d) A Independência (1822)

"A Independência do Brasil foi realizada à sombra da acácia, cujas raízes prepararam o terreno para isso..."
(História Secreta da Maçonaria - Cristiano Barroso)

A independência do Brasil começou a ser desenhada com a volta de Dom João VI a Portugal, deixando seu filho, Pedro de Âlcantara, como príncipe regente.
O príncipe Dom Pedro, jovem e voluntarioso que aqui permanece, foi envolvido por homens de bem, maçons que constituíam a elite pensante e econômica da época.
Em 09 de janeiro 1822, o maçom José Clemente Pereira pronuncia um eloqüente discurso pedindo ao príncipe que não volte a Portugal. Dom Pedro concorda e fica, tornando-se essa data conhecida como o "Dia do Fico".
No dia 13 de maio de 1822, os maçons fluminenses, sob a liderança de Joaquim Gonçalves Ledo, por proposta do brigadeiro Domingos Aires Barreto, outorgam ao príncipe o título de Defensor Perpétuo do Brasil, oferecido pela Maçonaria e pelo Senado. Ainda em maio, no dia 22, aconselhado pelo maçom José Bonifácio de Andrada e Silva, Dom Pedro assina o "Decreto do Cumpra-se", no qual nenhum decreto português valeria no Brasil sem o seu “cumpra-se”.
Em 02 de junho de 1822, Dom Pedro ouve dos maçons Joaquim Gonçalves Ledo e Januário Barbosa, o clamor por uma Constituição brasileira. Dom Pedro expõe a seu pai, Dom João VI, já em Portugal, que o Brasil deveria ter sua Côrte, convocando assim a Assembléia Constituinte, passo de suma importância para a Independência do Brasil.
A Loja Maçônica Comércio e Artes, em sessão memorável de 17 de junho de 1822, resolve criar mais duas Lojas pelo desdobramento de seu quadro de obreiros, surgindo as Lojas "Esperança de Niterói" e "União e Tranqüilidade", constituindo-se três lojas e possibilitando a criação do Grande Oriente Brasileiro, o qual depois viria a ser denominado Grande Oriente do Brasil. José Bonifácio é eleito o primeiro Grão Mestre, tendo Joaquim Gonçalves Ledo como Primeiro Vigilante e o padre Januário Cintra Barbosa como grande orador. Dom Pedro é iniciado na Loja Comércio e Artes, em 02 de agosto de 1822, tendo como padrinho José Bonifácio. Apenas três dias depois, em 05 de agosto, é aprovada a exaltação de Dom Pedro ao grau de mestre, em uma manobra política de Ledo, que ocupava a presidência dos trabalhos, possibilitando-se que, em 04 de outubro do mesmo ano, o imperador fosse eleito e empossado no cargo de grão mestre do Grande Oriente do Brasil.
Em 07 de setembro, assim reza a mais conhecida história, voltando de Santos para São Paulo, junto a uma pequena comitiva, encontrava-se Dom Pedro nas colinas do Ipiranga, às margens de um riacho, quando recebeu o correio da Côrte, que lhe trazia notícias urgentes de José Bonifácio. Após tomar conhecimento do conteúdo, declarou: "As cortes me perseguem, chamam-me com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Verão agora quanto vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas relações. Nada mais quero do Governo português e proclamo o Brasil para sempre separado de Portugal".
No dia 04 de outubro de 1822, dia em que Dom Pedro tomou posse do cargo de Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil, Joaquim Gonçalves Ledo redigiu uma nota patriótica ao povo brasileiro: "Cidadãos! A liberdade identificou-se; a natureza nos grita independência, a razão nos insinua; a Justiça o determina; a glória o pede; resistir-lhe é crime, hesitar é dos covardes, somos homens, somos brasileiros. Independência ou morte!"

e) A Guerra do Farrapos(1835)

Em um período regencial, marcado por agitações internas, ocorreu em 1835 a Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, na Província do Rio Grande do Sul. Largamente influenciada pela Maçonaria, nela se destacou o nome do General Bento Gonçalves da Silva, chefe militar do movimento e uma das figuras mais representativas da província. Também de grande influência e participação nesse levante, o nome do revolucionário maçom Giuseppe Garibaldi.





f) A Abolição da Escravatura

A Maçonaria prega a abolição da escravatura negra, criando Lojas e difundindo os ideais abolicionistas, mas encontrando, todavia, dificuldades junto aos senhores de escravos.
Em 1881, a Maçonaria faz uma grande conquista: a Lei do Ventre Livre, na qual os nascidos no Brasil ficavam livres. Em 25 de março de 1884, são redimidos os negros sexagenários. Nesse mesmo dia, no Ceará, o Governador da Província, o Maçom Sátiro Dias, foi o primeiro a emancipar seus escravos.
Nesse processo abolicionista, criado por Maçons, destacaram-se, dentre outros, grandes figuras, como Rui Barbosa, Rodrigues Alves, Joaquim Nabuco, Castro Alves, Afonso Pena, Francisco Glicério, Bernardino de Campos (Patrono da Loja que leva seu nome e à qual pertencem os autores deste ensaio).
No mesmo ano de 1884, aos 17 dias de maio, o jornal gaúcho "A Federação" publicou que os Irmãos da Loja Maçônica Luz e Ordem estavam promovendo a libertação dos seus escravos.
Finalmente, a 08 de maio de 1888, o ministro da agricultura, o Maçom Rodrigo Silva, apresenta o projeto de abolição, sancionado pela Princesa Isabel, filha do Imperador Dom Pedro II, em 13 de treze de maio do mesmo ano, declarando-se assim extinta a escravidão negra no Brasil.

g) A Proclamação da República (1889)

Movimentos anteriores, como a Inconfidência Mineira e a Revolução Pernambucana, já visavam o regime republicano para o Brasil.
Em 1870 foi criado um clube republicano e três anos mais tarde, em São Paulo, criado o Partido Republicano que, embora não empolgasse muito a sociedade, elegeu três deputados para a Assembléia, em 1875.
Posteriormente, os republicanos convencem Deodoro da Fonseca a chefiar a revolução, enquanto a imprensa ataca fervorosamente a Monarquia.
Na tarde de 14 de novembro de 1889, é propagada a falsa notícia de que Deodoro da Fonseca, Benjamin Constant e outros oficiais seriam presos. Diante disso, o movimento se acelera e o governo tenta se defender com as tropas julgadas fiéis.
Na madrugada do dia 15, no Rio de Janeiro, Deodoro e Benjamin, frente às tropas, reúnem-se e tomam posição ante o Quartel General.
Floriano Peixoto não cumpre as ordens do Visconde de Ouro Preto, para atacar os republicanos. Os portões foram abertos e o ministério de Ouro Preto é deposto.
Foi uma atitude decisiva, afirmando Deodoro da Fonseca que "outro ministério seria logo organizado e de acordo com as indicações que ele próprio levaria ao Imperador".
Estas indicações foram levadas ao Imperador, às três horas da tarde do 15 de novembro, no Paço da cidade. No mesmo dia, o Imperador deposto resolveu que voltaria para a Europa com toda sua família, transformando-se o antigo Império Brasileiro em República dos Estados Unidos do Brasil.

Como é de fácil percepção no breve resumo histórico apresentado, a Maçonaria influiu politicamente nos mais importantes movimentos revolucionários e libertários brasileiros. É claro que contribuíram para isso, toda uma ideologia e um clima revolucionários da época, não apenas no Brasil, nos quais ela estava bastante envolvida, principalmente por causa de seus ideais de liberdade. Mas foi de fundamental importância, entretanto, o papel catalisador da Maçonaria na congregação das idéias, dando-se a oportunidade para a reunião, o desenvolvimento e a aplicação das ideologias nos movimentos. Uma concepção, infelizmente, bastante esquecida atualmente, realidade que leva a repensar os objetivos da Maçonaria, no que tange ao seu papel, e de seus membros, como agentes participantes da Política.

III – UMA VISÃO CRÍTICA DO PRESENTE:

É de todos sabido que a Maçonaria tem com um dos princípios basilares a universalidade, não se cingindo o papel dela, como instituição, e a do Maçom, como seu integrante, a perímetros limitados de atuação.
Mas estaria a Maçonaria, e por consequência, os Maçons, representando um papel que tão bem representaram no passado? Mais ainda se pergunta: (i) como o mundo sofreu mudanças brutais; (ii) como a população cresceu e as relações geopolíticas se transformaram assustadoramente; (iii) como um ingrediente novo, a informática, tomou de assalto praticamente todas as atividades desenvolvidas pelo ser humano, estaria a Maçonaria, e os Maçons, representando, ou pelo menos, se preparando para representar um papel de destaque no mundo político dos Tempos de Globalização?
Em sua obra “Maçons e Maçonaria – Uma Análise”, da Ed. A Trolha, o autor, Irmão Frederico Guilherme Costa, questiona se a Maçonaria brasileira tem uma posição frente ao processo de globalização, considerando que ela, por excelência, é parte de um todo que é uma instituição universal com uma doutrina de paz, prosperidade, solidariedade, justiça e igualdade; considerando que ela há muito se assenta no trinômio Liberdade, Igualdade e Fraternidade e há muito propugna por uma sociedade justa e perfeita.
Se pairar a dúvida, isto é, se pensar-se que Maçonaria, mais ainda a brasileira, não está engajada e nem está preparada para a globalização, não estaria ela contradizendo seu nobre princípio de universalidade?
Parece ser consensual que nem a Maçonaria hoje, e nem seus integrantes, os Maçons, estariam tendo participação efetiva e decisiva nos caminhos da história, e portanto, da Política, como aconteceu no passado. Pelos menos não estariam tendo essa participação com os ideais maçônicos, levados das colunas da Loja para fora, para o mundo físico e político. Parece consensual que a Maçonaria já teve fases mais produtivas, tanto politicamente, como socialmente.
O Irmão Frederico Guilherme Costa, na obra acima mencionada, de uma forma um tanto quanto inflamada, lança que “A verdade é que não basta a retórica pura e simples, muitas vezes brilhante, ouvida nas Lojas ou nas proclamações canhestras que não colocarão a Maçonaria brasileira no lugar de destaque que ela sempre teve no passado. É preciso muito mais e este muito mais significa trabalhos cooperativos com a sociedade como um todo. Não é a Maçonaria que precisa fazer, mas são os Maçons que precisam colaborar dentro das suas múltiplas especificidades”.
E essa visão crítica do papel político do Maçom, atualmente, com destaque para o Maçom brasileiro, é que se põe em discussão.


IV – UM BREVE ARRAZOADO SOBRE POLITICA E SOBRE MAÇOM NA
POLÍTICA:


Não obstante as várias definições acerca do termo Política, o que se extrai, fundamentalmente, é a idéia de promoção do bem estar e do progresso da sociedade, através de quaisquer tipos de ações tendentes a tanto. Imagina-se, até por certo comodismo, que fazer política seja tão somente a ocupação de cargos eletivos no Poder Legislativo e Executivo, sendo essa ocupação apenas uma parcela da referida atuação. Como se mencionou acima, fazer política pode ser muito mais abrangente do que isso, cabendo ao Maçom decidir sobre sua participação na sociedade, principalmente com o uso das ferramentas de sua profissão e de seus conhecimentos específicos.
Viver em sociedade é participar dela, atuando politicamente no seu desenvolvimento. Aquele que se omite, na verdade, está, de forma leviana, querendo se isentar dos deveres de cidadão. Especialmente o Maçom, como microcosmo, possui em si mesmo a capacidade de ajudar a criar e desenvolver um mundo melhor para todos, um mundo de justiça e equilíbrio, de entrosamento e ajustamento de contrastes e contradições, um mundo destacado pelo amor e pela fraternidade humana.
Destarte, torna-se evidente e necessária a intervenção do Maçom na sociedade, através da atuação política, já que esta tem por função defender e harmonizar o convívio social. “A proposta maçônica de melhorar a condição humana através do trabalho eticamente reconhecido, é uma condição política, sem dúvida.” (citação do Irmão Frederico Guilherme Costa). E poderia acrescentar-se a essa assertiva que cabe ao Irmão Maçom levar essa proposta para a sua comunidade, para a sua cidade, para o seu País, e, porque não, para o mundo. Obviamente, em perfeita sintonia com o raciocínio de o candidato entrar na Maçonaria; a Maçonaria entrar no iniciado e, por conseguinte, ele levar a Maçonaria, não como Instituição, mas como um conjunto de princípios a ela inerentes, para o mundo político.
Portanto, o verdadeiro Maçom, mesmo que não aspire a cargos eletivos, e realmente não pode apenas almejar a tanto, deve cumprir com o seu papel na sociedade, atuando politicamente, mediante ações sociais com a intenção de promover o bem-estar a todos, melhorando a qualidade de vida das pessoas em condições sociais desfavorecidas. Assim, participação nos mais variados quadros da Administração Pública, bem como intervenções em outras frentes paraestatais, tais como associações comunitárias, clubes de serviços, entidades filantrópicas diversas, ONGs, e outros, também são uma forma de atuação política, com o objetivo de trazer bem estar às pessoas que receberão este tipo de ajuda.
Desenvolvendo um pouco mais sobre a participação do Maçom na vida pública nacional, a ocupação de cargos no Poder Público, tal como no Poder Judiciário, proporcionarão ao Maçom, desejoso de Justiça, e efetivo defensor da liberdade, a oportunidade de distribuir a justiça com coerência e promover a igualdade entre partes diferentes, já que esse é o norte dos que atuam nos ramos diversos do Direito, o que não deixa de ser, de alguma forma, uma atuação política e uma importância para o cenário político de nosso país.
Além disso, muitos outros quadros da Nação que não possuem tão grande visibilidade, requerem e precisam de bons ocupantes. O Maçom, com habilidades e conhecimentos nas mais diversas áreas, deve-se sentir compelido a ingressar em tais atividades. São inúmeras as instituições e órgãos executivos de apoio ao país, tais como, instituições financeiras de fomento regionais, órgãos ambientais, empresas estatais, entre outras.
Como se observa, são diversas as possibilidades de atuação política para quais o Maçom pode contribuir, sendo que o esperado e o ideal seria manter os iniciados em diversas frentes, atuando conforme os princípios maçônicos, contribuindo de maneira contundente para o aprimoramento de toda a sociedade, atitude essencial para atingir-se o objetivo de a Maçonaria voltar a ter destaque na cena política do país


V - PERSPECTIVAS SOBRE O FUTURO –
UM CAPÍTULO À PARTE SOBRE O MAÇOM DAS LOJAS UNIVERSITÁRIAS
NA POLÍTICA -

Com o surgimento dos partidos políticos, isso em meados do século XIX, a Maçonaria deixou de ser, em grande parte, aquele canal através do qual as reivindicações sociais se materializavam.

Mas isso não impede que um Maçom, se desejar, através de um partido político, se habilite a um cargo na vida política, sendo que essa atitude tem até mesmo o apoio da Constituição do Grande Oriente do Brasil que, em seu artigo 33, inciso XIV, estabelece como um dos direitos do Maçom, a possibilidade dele “solicitar apoio dos Irmãos quando candidato eletivo no mundo profano.”

Embora não se permita, sob qualquer hipótese, até por impedimento legal, o patrocínio de candidatos pela Ordem, e pela Loja, é claro, nada impede que o candidato, na qualidade de Maçom, solicite apoio aos Irmãos da Loja, mas sempre na qualidade de candidato profano em pleno gozo de seus direitos civis e políticos.

A perspectiva é que Maçons, através dos mecanismos próprios, que não a Maçonaria, lancem-se como candidatos nas diversas esferas da vida pública, mas carregando nessa empreitada, para aplicar firmemente na carreira ou cargo abraçados, os princípios da Maçonaria. Que eles tenham a clara e convicta responsabilidade acerca desses princípios e que os apliquem com a mais sincera dignidade em prol do desenvolvimento das pessoas para as quais seus trabalhos serão dirigidos.

E aqui cabe um capítulo à parte para as Fraternidades Acadêmicas, cujo surgimento propiciou à Maçonaria tradicional dar um grande e fundamental passo para a sua existência futura. A iniciação de jovens em idade acadêmica, como nos áureos tempos onde jovens recém formados eram iniciados (Rui Barbosa e outros), é de extrema importância para a Ordem em geral, e mais ainda para a sociedade.
Hoje a Maçonaria participa da formação de centenas de jovens iniciados nas Lojas Fraternidades Acadêmicas. O que se espera desses jovens no futuro próximo? Se, como visto, a Maçonaria já foi berço de grandes homens, a grande maioria em tenra idade, que ajudaram a escrever a história do País, dela tomando parte através de grandes feitos, poderiam as Fraternidades Acadêmicas contribuir para a Ordem voltar a ocupar posição de destaque no cenário político?
Nas palavras do saudoso Irmão Rubens Barbosa de Mattos, “longe de criar “maçons modelos” para substituir velhos cansados, já que, definitivamente, não foi esse o intuito da criação dessas Fraternidades, o que se pretende com as Acadêmicas é a criação de um vínculo entre jovens que, espera-se, estarão em breve dirigindo o Brasil e com mais tempo de Maçonaria para se dedicarem ao progresso da humanidade.” (in FRATERNIDADE ACADÊMICA – DO SONHO À REALIDADE, trabalho do Irmão Rubens Barbosa de Mattos).

Na verdade, ressentia-se a falta de jovens educados com a moral maçônica, formados pela Maçonaria e com capacidade de participar ativamente do cotidiano político da Pátria. O jovem iniciado na Lojas Acadêmicas, certamente crescerá norteado pelos princípios e pela filosofia maçônica, aliados com um atualizado aprendizado universitário, fazendo com que o seu desenvolvimento venha a florescer com a ajuda providencial da Maçonaria, acarretando, por certo, a participação de muitos desses jovens na vida política. A Ordem verá, dessa maneira, um integrante de seus quadros aplicando seus princípios, enquanto a sociedade será agraciada com um representante de extremo valor, com o senso de dever aguçado pela filosofia maçônica que cresce em seu interior. E, como conseqüência, formar-se-á o maçom-político de integridade moral e caráter que o tornarão exemplo.

Acredita-se, fielmente, que o advento das Lojas Acadêmicas foi um passo importantíssimo para a consecução dessas perspectivas para o futuro, isto é, de materialização da participação do Maçom na Política, mas sempre com a responsabilidade da aplicação dos ensinamentos maçônicos na arte do exercício político.
No entanto, esse não é um objetivo que será alcançado a curto prazo, já que as Lojas acadêmicas não possuem muito tempo de existência, embora já com 26 (vinte e seis) Lojas constituídas (dados do GOSP, março de 2004), o que torna as Lojas Acadêmicas uma realidade que aos poucos tem mostrado seu valor, através da qualidade de seus membros.
Não é ambição alguma, dentro de um prazo médio, existirem Maçons iniciados nas Lojas Acadêmicas atuando em posições de destaque na vida pública, inclusive nos cargos eletivos.
Cabe aos iniciados nas Lojas Acadêmicas, que tiveram e terão a oportunidade de ingressar tão jovens na Ordem Maçônica, a responsabilidade de tornarem esse sonho uma realidade, atuando na política de forma consistente e promissora.

As Lojas Acadêmicas, na visão de futuro do irmão Rubens Barbosa de Mattos, e de outros que também colaboraram para esse projeto, serão em breve referência de formação de homens de excelência, berço de líderes e além de cumprir o objetivo de tornar a maçonaria atrativa aos jovens, que no entender do referido irmão Rubens era o principal objetivo, já que o jovem não encontrava ambiente apropriado aos seus anseios nas lojas tradicionais, serão também um importante vetor de destaque à Augusta Ordem.

VI – CONCLUSÃO –

É sempre importante registrar que a Maçonaria não é uma agremiação política e que ela não deve patrocinar candidatos. Que uma Loja Acadêmica não é um grêmio estudantil e muito menos uma célula de um partido político.

É o Maçom que deve, pelos canais legais próprios, que não uma Loja, lançar-se e atuar na Política, e não a Maçonaria como Instituição. A importância da Maçonaria, na participação política ativa de seus membros, está na transmissão de seus valores para o iniciado que deles deverá saber fazer uso, enquanto no exercício de um cargo público.

Cabe ao Maçom, zeloso que é pelos rumos do país, discutir e analisar as questões que assolam a Pátria, e preferencialmente, propor melhorias. Deve-se garantir que tais confrontos de idéias sejam sempre realizados pelos Irmãos e, sem dúvida, tal participação ganha especial vulto nas Lojas Acadêmicas.
O estudo dos rituais, da simbologia, é essencial, já que, através deles, o Maçom recebe e entende os nobres valores que a Maçonaria busca perpetuar. Contudo, não deve ser apenas este o objetivo de uma Loja, muito menos de uma Acadêmica. Nos momentos adequados, tais como no importantíssimo Copo d’água e mesmo em outros que não coincidam com dias da Loja Regular, é apreciável a discussão saudável sobre temas políticos. O exercício da política não pode prescindir do confronto de idéias, bem como não pode ser visto com algo estático. A Política está sempre em movimento, em evolução.
Dentro desta concepção de fazer política, para que as visões se propaguem, é interessante que o Maçom, quando sentir que elas estejam amadurecidas, as exponha. Para tanto, mister se faz que o Maçom as reproduza, principalmente através de textos, jornais, o que estimulará cada vez mais o confronto de idéias, bem como seu alcance e eventualmente o contato entre os Irmãos dos mais variados locais. Obviamente que o faça, sempre como um cidadão, imbuído de espírito maçônico, mas sem expor a Maçonaria, enquanto instituição.
Tal disposição em sempre discutir a política ensejará a formação de novos lideres e esse papel é esperado das Lojas Acadêmicas.

Enfim, lembrando mais uma vez o Irmão Rubens Barbosa de Mattos, não se trata de fazer uma revolução na Maçonaria. Quer-se apenas resgatar esse lado, mesmo que parcialmente, de participação ativa de membros da Ordem nos rumos do País. Para tanto, têm as Acadêmicas papel primordial, justamente por propiciar desde cedo uma formação aos jovens imbuída dos valores maçônicos.


Bibliografia

Ritual do Primeiro Grau – Aprendiz – GOB;

GOMES M. A Maçonaria na História do Brasil, Editora Aurora, Rio de Janeiro – RJ , 1975;

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MATTOS, Rubens Barbosa de. Fraternidades Acadêmicas: Sonho à Realidade;

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COSTA,Frederico Guilherme – Maçons e Maçonaria – Uma análise – Ed. A Trolha.